Novos tempos exigem novos conceitos. E é a isso que se propõe a mais nova obra do escritor Jorge Caldeira, “Brasil: Paraíso Restaurável”, escrita em parceria com a jornalista Luana Schabib e com a economista Julia Marisa Sekula. Os três autores foram convidados pela RAPS para um bate-papo medidado pela diretora-executiva da organização, Monica Sodré, e que está disponível a seguir.
Como Mônica explica no começo do encontro, o livro aborda a necessidade de substituirmos o pensamento econômico tradicional por um outro mais atual, que pense a produção de riqueza e valor no mundo a partir da natureza – e não em oposição a ela.
“Não se trata de desenvolvimento ou preservação. Desenvolvimento é preservação. Essa é a mudança estrutural necessária”, comenta Caldeira. “A questão ambiental e da sustentabilidade deu um salto gigantesco no mundo nos últimos anos, mas a percepção brasileira em relação a esse movimento ainda é muito baixa”.
Como exemplo do avanço global dessa visão ele cita o recente compromisso da China em ser uma economia neutra em carbono até 2060, e o fato de o plano de recuperação econômica da União Europeia estar integralmente atrelado a metas ambientais. Já no Brasil, como aponta Schabib durante o debate, a emergência ambiental ainda é muitas vezes desconsiderada nas discussões políticas, tanto no âmbito nacional como no local, evidenciando uma desconexão que precisa ser corrigida.
É aí que propósito do livro e da própria RAPS se cruzam: estabelecer e aprofundar essa conexão entre política e sustentabilidade. Caldeira, que integra o Conselho de Ética da RAPS, diz que sua experiência com a organização foi fundamental para a construção do livro. Para falar do futuro, o livro faz referência ao passado e aos complexos processos históricos de ocupação que desenharam o Brasil de hoje ao longo dos últimos séculos. E para falar do Brasil, o livro também lança um olhar para fora, analisando em especial as experiências recentes da Alemanha, da China e dos Estados Unidos com a transição para uma economia mais verde e centrada na sustentabilidade ambiental.
Essa transição, como explica Sekula, começou nesses países inicialmente a partir de agendas locais, em comunidades e cidades, e segue sendo em alguns casos, como no dos Estados Unidos, uma agenda mais encabeçada pelos entes federativos do que pelo governo nacional. Esse contexto torna o livro especialmente relevante para os líderes públicos que, neste ano, concorrem às eleições municipais – e razão pela qual a RAPS promoveu o encontro. Trata-se, como diz a diretora da organização, de um chamado para que os gestores e legisladores atuais se permitam abrir os caminhos para uma utopia que junte homem e natureza.
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