Nos últimos anos estamos sentindo cada vez mais as consequências da negligência dos governos com o meio ambiente, como, por exemplo, o avanço da taxa de desmatamento na Amazônia e o aumento das emissões de gases de efeito estufa. No fim do ano, o Brasil comprometeu-se, na última Conferência do Clima realizada em Glasgow, na Escócia, a zerar o desmate ilegal até 2028 e reforçou o compromisso para a descarbonização total de sua economia até 2050.
A questão ambiental é um assunto que nem sempre está presente nos debates eleitorais e no compromisso dos candidatos. São discutidos temas como segurança, educação, saúde e economia, tópicos que são, sem dúvida, de muita importância. Contudo, hoje a questão ambiental é uma temática urgente e relevante por interferir diretamente na saúde e na economia da sociedade.
Para debater esse cenário, a RAPS, representada pela diretora executiva da organização, Mônica Sodré, participou na terça-feira (14) do painel “Rumo a 2030: o que esperar das políticas de uso da terra no Brasil pós-eleições”, evento que integrou a programação da 2ª Plenária da Coalizão em 2021, organizada pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Na ocasião, os participantes discutiram sobre o espaço que a política ambiental deve ocupar após as eleições presidenciais de 2022, e de que forma o governo e os diferentes setores da sociedade pretendem desenvolver seus planos para a agenda do uso da terra ao longo da década, assegurando o compromisso de acordos internacionais e a prosperidade socioambiental e econômica do país.
“Basicamente a agenda climática e ambiental não está na prioridade dos nossos agentes políticos. E mais do que isso, existe a dificuldade de correlação entre o estado de coisas do país e a ação do Congresso Nacional”, disse Mônica Sodré.
Ela também falou da recente pesquisa lançada pela RAPS, com apoio do Instituto Clima e Sociedade, e realizada com a Fundação Getúlio Vargas, onde foram ouvidos quase 200 deputados e senadores. “Quando questionados qual deveria ser a prioridade um para combater a emergência do clima, mais de 50% dos parlamentares responderam que é investir em energias limpas, não responderam o combate ao desmatamento como medida prioritária”.
Mônica também compartilhou a sua opinião sobre o que esperar do atual Congresso Nacional em relação ao clima e à pauta verde. “Do ponto de vista de expectativas, é um Legislativo que, na minha avaliação, não compreendeu a urgência do tema”.
Ela pontuou durante o painel o papel do atual Governo Federal na questão climática e do seu pouco cuidado com os recursos naturais. “É um Executivo que, pelo menos nos últimos três anos, não se comprometeu com a causa ambiental. E mais do que isso, que estimula a predação dos nossos recursos. Estimula um modelo de desenvolvimento que opõe natureza e produção de valor. A gente precisa mudar essa mentalidade”.
Além de Mônica Sodré, participaram do evento Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, e Ilona Szabó, presidente do Instituto Igarapé. A mediação do painel foi de Marcello Brito, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
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