Estudo da União Interparlamentar com congressistas mulheres de vários países apontou que 44% das entrevistadas relataram ter recebido ameaças de morte, sofrido estupro, espancamento ou sequestro durante o exercício dos seus mandatos. No Brasil, o MonitorA – AzMina, ferramenta para avaliar a violência e o discurso de ódio contra as mulheres no âmbito da disputa política, identificou 40 mensagens de ódio por dia para um grupo de 123 candidatas nas últimas eleições.
Dentro de um espaço ainda dominado predominantemente por homens e onde o machismo encontra, muitas vezes, voz, as parlamentares se deparam com um ambiente revestido de violência política, seja em seus partidos ou nas casas legislativas. O modo como se vestem, peso, estado civil, entre outros, são gatilhos para ataques contra as mulheres, atitudes que atentam contra a democracia, desestimulam a participação feminina no mundo político e nas tomadas de decisão.
Como identificar e o que fazer diante de uma violência de gênero? Quais canais de denúncia? De que maneira comunicar? Essas e outras respostas estão no “Guia Prático para Mulheres na Política: O que não te contaram sobre ser mulher na política”, publicação lançada pela RAPS para auxiliar as mulheres na política. O trabalho apresenta um conteúdo interativo onde foram mapeados os tipos de agressões e possíveis caminhos a serem tomados para combater os abusos sofridos pelas mulheres dentro da política.
“Não há incentivo para a participação feminina nos espaços de decisão, e as poucas que conseguem chegar precisam enfrentar diariamente o machismo e atos constrangedores e de violência” diz Mônica Sodré, diretora executiva da RAPS. “Hoje, 52% do eleitorado brasileiro é formado por mulheres, mas quando olhamos para os cargos eletivos no país ocupamos menos de 15%. A gente acredita que uma democracia melhor é possível com mais mulheres na política”.
O Guia foi concebido a partir do relato das experiências de 16 lideranças que ocupam, já ocuparam ou concorreram a um cargo eletivo de diversos partidos e regiões do Brasil, e das entrevistas com seis especialistas. Nele, são apresentados dois mapas de ação interativos que buscam abranger o máximo de formas possíveis para combater a violência política de gênero. O primeiro explicita o percurso legislativo para o combate a essas violências e traz os principais canais de denúncia. Já o segundo, sugere caminhos alternativos, mas não excludentes, que passam pelo cuidado psicológico e o poder das redes de apoio.
A cientista política Hannah Maruci Aflalo foi a responsável pela coordenação da produção do “Guia Prático para Mulheres na Política: O que não te contaram sobre ser mulher na política”.
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Lideranças políticas consultadas para elaboração do “Guia Prático para Mulheres na Política: O que não te contaram sobre ser mulher na política”
Alice Peliçario -Ex-assessora política, candidata em 2012 e 2014, e liderança RAPS
Amanda Gondim – Vereadora de Uberlândia/MG e liderança RAPS
Bruna Paola – Assessora Política e liderança RAPS
Camila Toscano – Deputada estadual da Paraíba e liderança RAPS
Cristina Lopes – Secretária municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas de Goiânia/GO e liderança RAPS
Duda Alcântara – Candidata em 2018 e liderança RAPS
Flávia Cabral – Vereadora de Londrina/PR e liderança RAPS
Giowana Cambrone – Candidata em 2018 e liderança RAPS
Karla Coser – Vereadora de Vitória/ES e liderança RAPS
Lins Roballo – Vereadora de São Borja/RS e liderança RAPS
Loreny – Vereadora de Taubaté/SP e liderança RAPS
Marcia Lucena – Ex-prefeita de Conde/PB
Mariana Calsa – Vereadora de Limeira/SP e liderança RAPS
Paulinha – Deputada estadual de Santa Catarina e liderança RAPS
Tabata Amaral – Deputada federal de São Paulo e liderança RAPS
Ursula Vidal – Ex-secretária de Cultura/PA, candidata em 2020 e liderança RAPS
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