Logo após o processo eleitoral de 2010, nascia a ideia de se criar uma iniciativa para responder a duas questões fundamentais: a primeira era encontrar uma forma de atuar na política considerando-se uma dinâmica pluripartidária, de caráter nacional, numa perspectiva empreendedora para trazer o tema da sustentabilidade como eixo orientador das políticas públicas e de fato ser uma referência na transição para a construção de uma sociedade sustentável.
A segunda questão era: como identificar pessoas comprometidas com valores como ética e transparência, com perfil para discutir e debater essa transformação e construir de forma colaborativa e em rede uma visão de desenvolvimento sustentável no Brasil?
Realmente, um grande desafio. Construir esta rede significava identificar, atrair, selecionar e formar potenciais lideranças alinhadas com esses princípios, além de apoiá-las em seus projetos políticos e criar amizade cívica de dimensão nacional, garantindo diversidade de idade, gênero, região e partido político.
Para vencer esse desafio, que pressupõe a centralidade da política como instrumento de transformação social, não bastava atuar apenas na sociedade ou nas empresas. Era preciso dar um passo na direção da política e é isso que aquela ideia inicial provocou: o desejo de empreender na política e contribuir para aprimorá-la. Assim nasceu a Raps – Rede de Ação Política pela Sustentabilidade.
Nesses três anos, a organização foi crescendo e se consolidando à medida em que enfrentava questões concretas, como o processo de seleção dessas lideranças, o desenvolvimento dos temas e conteúdos tratados e a visão compartilhada de sustentabilidade. O projeto inicial também refletiu muito sobre as experiências de outras iniciativas importantes, como a RAP argentina, que inspirou a ideia de amizade cívica, construção de conhecimento, somada à perspectiva pluripartidária. Tudo isso já representava um verdadeiro salto diante da visão clássica e tradicional de política.
É inegável que a Raps já tem experiência acumulada, pois vem construindo coletivamente seus conceitos e validando seus diversos processos, mas ainda está apenas começando. É certo, entretanto, que a organização já cumpre um papel no contexto nacional, uma vez que dialoga concretamente com a expectativa das pessoas que querem participar da política. A Raps é uma alternativa real para quem quer contribuir para o aperfeiçoamento do processo político no Brasil.
Hoje, na ótica da sociedade que não tem envolvimento com partidos políticos, a Raps é uma forma de participação e contribuição cidadã. Para o ser político, é um espaço de qualificação de sua ação política, de discussão, reflexão e construção de um legado.
Concretamente, como resultado destes três anos de atuação, a Raps já formou uma massa crítica importante e vem desempenhando a tarefa de jogar luz sobre os temas nacionais, contribuindo para o aprimoramento de iniciativas legislativas e para o desenvolvimento de novos mecanismos de participação e engajamento da sociedade. Hoje são no total 30 Líderes Raps com mandato, sendo um governador, um senador, cinco deputados federais e três deputados estaduais, além de vereadores e um prefeito.
A meta da Raps para os próximos anos é ampliar sua rede de líderes nos três projetos (Líderes RAPS, Empreendedores Cívicos e Jovens RAPS), integrando cada vez mais pessoas com mandato, com aderência ao perfil da organização, além de apoiar também a eleição de novos agentes políticos. O objetivo é chegar a 15% das cadeiras do Congresso Nacional em 10 anos e estar presente em todas as cidades brasileiras com mais de 200 mil eleitores.
O desafio é grande, a tarefa é imensa, mas a certeza de contribuir para a construção de um país mais justo, ético e sustentável é o estímulo para a Raps seguir adiante, empreender na política e aprimorar este instrumento legítimo de transformação da sociedade.
Marcos Vinícius de Campos
Diretor Executivo da RAPS
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