O programa “Opinião”, transmitido pela TV Cultura na noite de quinta-feira (29), debateu o interesse dos brasileiros pela política, num contexto em que cerca de 33% da população tem pouco ou nenhum interesse pelo assunto, segundo pesquisa IPEC, divulgada no último dia 13. Entrevistada pelo programa, a diretora executiva da RAPS, Mônica Sodré, destacou a necessidade de estimular desde cedo a participação na política. Uma das razões para a falta de interesse seja justamente a dificuldade das pessoas se reconhecerem no ambiente político, segundo afirmou.
“A política tem a ver com o bem comum e com a gente pactuar alguns valores para sermos capazes de conviver em sociedade”, disse Mônica. “A gente vai ter a nossa vida impactada por quem está lá e foi escolhido para nos representar, independentemente de a gente ter feito a escolha por aquela pessoa ou não”, afirmou a diretora executiva, às vésperas das eleições gerais, marcadas para o próximo domingo, quando cerca de 156 milhões de eleitores irão às urnas.
Característica marcante destas eleições, o medo da violência política, vivenciado por sete a cada dez brasileiros, também foi abordado no programa, como demonstrou a pesquisa “Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 – Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia”, realizada em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“Quando as pessoas têm medo elas tendem a se manifestar menos e, se elas se manifestam menos, é a própria democracia que está em perigo”, afirmou Mônica Sodré. “A democracia é o único regime que permite que as minorias existam e prevê também a liberdade de participação, de expressão, de associação”, completou.
A diretora-executiva da RAPS ainda ressaltou a necessidade de estimular que as pessoas também concorram às eleições, em especial as mulheres, que são metade do eleitorado e da população, mas que receberam menos de 30% dos recursos públicos para suas campanhas. “A maior parte dos recursos vai para campanhas de homens, campanhas masculinas”, disse
A doutora em Sociologia e professora na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP), Stella Schrijnemaekers, que também foi entrevistada pelo programa, observou que a as pessoas têm tido mais consciência de que as eleições afetam suas vidas nos últimos anos, e passado a se expressar mais, em redes sociais ou colocando bandeiras na janela, por exemplo.
Ao mesmo tempo, sendo o Brasil um país cotidianamente tão violento, esse aumento de participação vem se expressando por meio de agressividade, analisou Schrijnemaekers. “Xingar, tratar mal, intimidar, difamar e desqualificar o outro, isso não são formas de participação política adequadas”, disse.
Para assistir ao programa completo, acesse o link.
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