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PROGRAMA CIDADES SUSTENTÁVEIS DISCUTE OS PROBLEMAS DE RECIFE

6 de março de 2013

Do NE10
O que fazer para que os políticos coloquem em prática projetos de sustentabilidade social, ambiental e cultural? Como sensibilizar a população para o assunto? Esses foram assuntos discutidos por urbanistas, historiadores e arquitetos do Recife que se encontraram na manhã desta quarta (16), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com o professor paulista Maurício Broinizi. Maurício é coordenador da secretaria executiva do movimento Nossa São Paulo e veio à capital pernambucana para lançar o Programa Cidades Sustentáveis.
O programa tem abrangência nacional e existe desde 2007. O objetivo é controlar a qualidade das cidades através de indicadores técnicos e perceptivos (pesquisas de opinião), uma espécie de monitoramento das políticas públicas e das ações nas cidades através de eixos de sustentabilidade ambiental, social, cultural e econômica. Para isso, Broinizi explica que é preciso uma “sensibilização política”. O projeto é apresentado aos candidatos e uma carta de compromisso é assinada. A partir daí, é feito o monitoramento das ações através da página na internet.
O Programa Cidades Sustentáveis através de suas pesquisas tem como base doze eixos e a partir de cada um são estabelecidas metas para o desempenho político. Além disso, um “Banco de Boas Práticas” apresenta casos exemplares e referências em cada eixo: “Há muito o que se fazer desde que as cidades aprendam umas com as outras. Já há soluções possíveis para quase todas as áreas”, explica Broinizi.
Para colocar em pauta a situação na cidade do Recife, os pesquisadores Luis de La Mora, Tomás Lapa e Alenilda Cavalcanti compuseram a mesa junto com o professor Maurício Broinizi. A pesquisadora Alenilda chamou atenção para o fato de Recife não poder ser pensada isoladamente já que está dentro de uma Região Metropolitana que se apresenta completamente interligada: “As cidades têm crescido, tudo tem mudado e sinto que não há planejamento para esse salto, o capital tem dominado as decisões tomadas na cidade e os cidadãos ficam reféns dessas vontades”, lamenta e questiona: “Como um programa como esse pode sensibilizar nossos gestores?”.
Para Tomás Lapa, o grande desafio é conscientizar a população: “A sensação que às vezes tenho é que estou pregando para outros acadêmicos. Parece que a conservação integrada vai acontecer só entre nós mesmos, falta educação patrimonial, falta conscientização”. Cristiano Borba, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), era um dos que participavam da conversa na UFPE e também apresentava as mesmas aflições que o professor Lapa: “A gente tem um conhecimento científico grande sendo produzido, mas ele não é ouvido. Se sabe o que fazer, mas não se coloca em prática. Não adianta só se dirigir aos partidos políticos se a população não estiver imbuída do mesmo espírito, a gente tem que dialogar com professores de escola pública, por exemplo, que estão lá no dia-a-dia formando várias pessoas”, sugere.
O professor Luis de La Mora, do programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU), também chama atenção para a participação que toda a sociedade precisa ter no movimento de construção da cidade: “Uma cidade para todos é responsabilidade de todos, os gestores não são os únicos responsáveis, mas também os empresários e todos os cidadãos”, só assim será possível “construir uma cidade justa, ética e sustentável”, acredita. Para ele, os grandes questionamentos devem ser: “O que fazer para sensibilizar o mundo empresarial? O que eu tenho que mudar como cidadão, como empresário, como governo?”, questiona.
O evento foi organizado em uma parceria do Observatório do Recife com o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e os Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU), em Sociologia (PPGS), em Direitos Humanos (PPGDH) e em Administração (Propad). Depois das eleições para prefeito, o Programa Cidades Sustentáveis pretende voltar à cidade para assinatura da carta-compromisso. Caso o político se comprometa e não cumpra as metas, Broinizi explica que não há nenhum tipo de punião legal “mas há a punição política, o desgaste da imagem, a exposição no site e toda a pressão da sociedade”. A carta compromisso e as metas do projeto estão disponíveis no site.
Fonte: Rede Nossa São Paulo

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