Nesta quinta-feira (15), Dia Internacional da Democracia, a Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) lançam a pesquisa “Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 – Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia”, levantamento inédito sobre a percepção da sociedade brasileira a respeito da violência política, do autoritarismo e do apoio ao regime democrático. O estudo, encomendado ao Instituto Datafolha, foi realizado entre os dias 3 e 13 de agosto deste ano e ouviu mais de 2.100 pessoas de todas as regiões do Brasil.
Às vésperas das eleições de 2022, a polarização e a violência política se intensificaram e têm sido notados por episódios extremos mostrados pela imprensa. De acordo com a pesquisa, no entanto, nos 30 dias anteriores ao levantamento, quando perguntados se sofreram ameaças por motivos políticos, 3,2% dos entrevistados responderam positivamente. Ou seja, cerca de 5,3 milhões de cidadãos foram vítimas de ameaças por suas posições políticas no Brasil.
Com a proximidade do primeiro turno eleitoral, a polarização está cada vez mais forte e os ânimos exaltados. O posicionamento político transformou-se em perigo para 67,5% dos entrevistados, que contam ter medo de agressões físicas em razão da escolha política ou partidária.
Entre os achados positivos do estudo, para quase 90% dos entrevistados o vencedor das eleições nas urnas deve ser empossado em 1º de janeiro de 2023. Além disso, 89,3% concordam com a frase “O povo escolher seus líderes em eleições livres e transparentes é essencial para a democracia”, e 88,5% concordam que “O povo ter voz ativa e participar nas principais decisões governamentais é essencial para a democracia”.
O resultado do Índice de Propensão à Democracia, que mede o quanto as pessoas estão propensas a apoiar valores democráticos, atingiu 7,25, uma pontuação considerada alta pelos responsáveis pela pesquisa, em especial porque mais da metade dos respondentes registraram pontuação igual ou superior a 7 pontos, em uma escala que vai de 0 a 10.
“Esses resultados são emblemáticos porque mostram que, apesar das inúmeras falas golpistas do atual presidente da República, e verbalizadas pelos seus apoiadores, a população brasileira é democrática e confia no sistema eleitoral”, disse Mônica Sodré, diretora executiva da RAPS. “Isso mostra que os atos de agosto passado não foram apenas ‘assinar na cartinha’, mas a manifestação clara do que anseiam os brasileiros: a defesa da democracia”.
Na esfera de direitos humanos e sociais, e apesar da queda no índice de apoio à agenda de direitos, o marcador mudou de 7,8, em 2017, para 7,6, em 2022, mostrando uma melhora na percepção acerca do que é pungente nas violências e desigualdades brasileiras: o racismo. Em 2022, 82% consideram que há racismo no Brasil, enquanto esse número era de 72%, em 2017. E, mesmo com o sucateamento de órgãos socioambientais, como, por exemplo, a Funai, 82% dos entrevistados se disseram favoráveis à demarcação de terras indígenas.
Já as mulheres tendem a apoiar mais a agenda de direitos do que os homens, sendo o índice de apoio pelas mulheres de 7,71, e entre homens de 7,46. Pessoas pretas são as que mais tendem a apoiar direitos, sendo 7,78 entre esse grupo, e de 7,56 entre brancos.
A pesquisa completa “Violência e Democracia: panorama brasileiro pré-eleições de 2022 – Percepções sobre medo de Violência, Autoritarismo e Democracia” está disponível gratuitamente para download neste link. A versão em inglês encontra-se neste link.
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