Há mais de 30 anos coordenando campanhas eleitorais nos Estados Unidos e em vários outros países, como Espanha, Romênia, Bósnia, Quênia, Nairobi e Indonésia, o professor Steve Jarding, da Harvard Kennedy School, passou seis dias no Brasil e realizou treinamentos com os Líderes RAPS durante o Módulo II de Formação e Capacitação da turma de 2015. A seguir, confira a entrevista exclusiva que o professor concedeu à RAPS.
RAPS: O senhor traz uma grande experiência de três décadas trabalhando em diferentes países. O que mudou nas campanhas eleitorais nesses 30 anos?
Jarding: A política mudou bastante. Um dos aspectos que mais mudou foi o enfraquecimento das lideranças na política. Hoje, os chamados líderes não lideram de fato, parece que perderam a consistência e a arte da política perdeu a graça. Do ponto de vista das campanhas, a grande mudança veio com o crescimento das mídias sociais, que representam hoje uma grande transformação na sociedade. Hoje, o político tem um campo muito maior para se comunicar com a sociedade sem ter que depender da força do dinheiro. No cenário das mídias sociais, as pessoas podem competir quase que em igualdade de condições, mas para uma campanha ser vitoriosa, requer um bom planejamento estratégico das mídias sociais.
RAPS: Existe semelhança entre as campanhas eleitorais dos diversos países onde você já atuou?
Jarding: Sim. As dificuldades são as mesmas e, repito, o cenário político de um modo geral está bem crítico. Infelizmente, os governantes não estão entregando o que a população precisa. Há uma crise mundial e a desigualdade na distribuição de renda afeta praticamente todos os países. Estes são assuntos recorrentes nas campanhas no mundo todo.
RAPS: Qual é o aspecto mais crítico numa campanha?
Jarding: Há muitas variáveis que devem funcionar bem para que a campanha tenha sucesso, como a captação de recursos financeiros, por exemplo. Além disso, é preciso uma boa comunicação para transmitir a mensagem do candidato de forma eficiente e capaz de conectar as pessoas. Enfim, são vários os elementos que devem estar muito bem coordenados e todos merecem atenção especial, pois não se pode cometer erros. Errar numa campanha eleitoral pode ser fatal para uma carreira política.
RAPS: Como você avalia as campanhas no Brasil?
Jarding: Tenho acompanhado de perto as campanhas brasileiras nos últimos quatro anos, embora não tenha me envolvido diretamente com nenhuma delas, e a impressão que tenho é que todas são muito parecidas também, sempre determinadas pelo poder do dinheiro e com uma poderosa infraestrutura. No entanto, há uma saída para quem não dispõe de tantos recursos, que é justamente o uso da mídia social de maneira eficiente e bem planejada, com uma forma de comunicação direta e de acordo com cada segmento do eleitorado que se quer atingir. Acredito que cada vez mais as mídias sociais terão um importante papel nas campanhas eleitorais.
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Para Steve Jarding, mídias sociais ganham cada vez mais importância
26 de agosto de 2015