O painel “O que é essa tal de sustentabilidade?” abriu os trabalhos do Módulo II de Formação dos 64 Líderes RAPS 2019, que aconteceu nos dias 27 e 28 de julho, em São Paulo (SP).
Para debater o conceito de sustentabilidade, estiveram presentes Roberta Simonetti, Empreendedora Cívica RAPS e especialista em Finanças para Sustentabilidade na WWF-Brasil; Alfredo Sirkis, Líder RAPS, jornalista, escritor e ex-deputado federal; Ângelo Lima, secretário-executivo do Observatório da Governança das Águas (OGA); Lauro Marins, diretor para a América Latina do CDP; e Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas (SOS Mata Atlântica).
Roberta Simonetti, Empreendedora Cívica RAPS e especialista em Finanças para Sustentabilidade na WWF-Brasil, foi uma das palestrantes. Em sua fala, traçou um panorama sobre o conceito de sustentabilidade de acordo com as transformações do mundo no decorrer da história. Com dados, mostrou como o consumo aumentou em velocidade bem maior do que a população nas últimas décadas, o que é insustentável. Em um século, a população cresceu quatro vezes enquanto o consumo cresceu 16 vezes.
“Todos nós precisamos dos recursos da natureza. Se a natureza for à bancarrota, todos nós vamos também. Não é uma questão de partido ou ideologia”, disse Roberta Simonetti, que completou: “O futuro não está dado, o futuro pode ser construído, cabe a nós fazermos isso de forma mais inteligente para nós e para o planeta”.
Definições
A questão conceitual do tema também foi abordada. De acordo com a palestrante, sustentabilidade é uma forma de compreender a Vida que implica em entender e considerar três coisas: as leis (inexoráveis) da natureza (física), as condições sistêmicas de equilíbrio (dinâmico/resiliência) e de contorno (limites), e a complexidade (conectividade, não-linearidade, incerteza).
Roberta Simonetti, lembrou ainda que é possível descrever esse princípio com ideias simples, como: “ser sustentável é reciclar” e “fazer mais com menos”. “É o princípio ético que tem como base a vida como um valor essencial e universal e que deve fundamentar das nossas escolhas”, resumiu.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
A palestra também trouxe à tona os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU com a seguinte questão: como atingir as metas sem violar os limites planetários?
Como resposta, Roberta Simonetti trouxe cinco políticas transformadoras para atingir os ODS dentro dos limites planetários: estímulo às energias renováveis, com a redução pela metade das emissões a cada década a partir de 2020, acelerar o desenvolvimento de cadeias alimentares sustentáveis (aumento de produtividade), criar covos modelos de desenvolvimento para países mais pobres, reduzir ativamente a desigualdade, e investir em educação para todos, equidade de gênero, saúde e planejamento familiar.
Finanças e mudanças climática
No mesmo painel, a fala de Lauro Marins, diretor do CDP para a América Latina, mostrou como o trabalho da instituição pode auxiliar gestores por meio de um banco de dados global, com informações e relatórios, para que investidores, empresas, cidades, estados e regiões gerenciem seus impactos ambientais. “A informação compilada pelo CDP permite decisões de negócios e políticas mais informadas ao considerar riscos e oportunidades financeiros gerados pela mudança climática, água e questões relacionados a mudança e uso do solo”, explicou.
Na palestra, Marins ainda trouxe o dado de que 44% trabalham em colaboração com o setor privado para resolver questões de sustentabilidade. As áreas de resíduos e energia somam 40% das iniciativas reportadas por essas cidades. Além disso, trouxe a posição de Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de ativos no mundo, que diz que dentro dos próximos cinco anos todos os investidores medirão o impacto de uma empresa na sociedade, governo e meio ambiente para determinar seu valor.
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