O Programa Lideranças Públicas 2022, iniciativa exclusiva da RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) com apoio da Fundação Lemann, realizou no sábado (21), em São Paulo, um encontro presencial com os 85 participantes. A reunião teve o propósito de promover uma formação prática e imersiva nas temáticas abordadas até agora no programa, além de servir para realizar uma profunda reflexão sobre os desafios que o Brasil enfrenta no momento e focando em soluções que venham contribuir com um futuro mais promissor e justo para todos.
O evento teve início com a mestre de cerimônia e Líder RAPS, Amanda Brito, agradecendo a presença de todos e anunciando o que estaria por vir durante o dia. Após a apresentação do vídeo manifesto da RAPS, teve início as falas institucionais. Entre elas, da diretora de Relações Institucionais e Comunicação da Fundação Lemann, Lara Alcadipani, que enalteceu a parceria entre as duas organizações. “É um prazer falar em nome da Fundação Lemann e vou começar celebrando os nossos sete anos de parceria com a RAPS, que não é pouco. Ainda temos muito chão pela frente e bastante coisa que podemos produzir juntos com essa rede”.
Ela também chamou atenção para a importância do Programa no atual cenário do Brasil. “Celebro a relevância desta iniciativa num momento tão delicado onde a política é, por um lado, um tema tão relevante para o país, de estar na boca de todo mundo, mas, ao mesmo tempo, tão desacreditado por tantas pessoas. Ter um Programa como esse, que reúne mais que o dobro de participantes das edições anteriores, é importante para construir um Brasil melhor”.
Quem também discursou foi a nossa diretora executiva, Mônica Sodré. Ela falou da sua felicidade por ter sido possível a presença de todos após dois anos de restrições impostas pela pandemia da Covid-19. “Nós estamos ainda num mundo pandêmico, mas é muito bom ver todos vocês vivos e bem. Queria agradecer muito os nossos apoiadores e, em especial aqui nesse Programa, a Fundação Lemann”.
Mônica também destacou que sustentabilidade vai além da preservação do meio ambiente, engloba o social e a economia. “Sustentabilidade não tem a ver só com o meio ambiente, estamos falando de coisas que vão afetar e já estão afetando a minha vida e de todos vocês”, pontuou. “Quando temos recorde de desmatamento, ocorre a mudança no regime de chuvas do país. Se mudar o regime de chuvas, tem uma safra menor, menos alimento e inflação dos alimentos. O nosso povo vai comer menos e o alimento ficará mais caro. Se a gente tem mais desmatamento, sobrecarrega o sistema de saúde. E vocês, próximos deputados federais, estaduais e senadores vão ter que lidar com isso”.
Compromissos para um Brasil Melhor
Estamos passando por um momento difícil com incertezas, retrocessos e desigualdades. Precisamos recuperar a grandeza do Brasil e, para isso, precisamos proteger os nossos recursos naturais. Por isso, elaboramos nove compromissos para um Brasil melhor e contamos com a assinatura e o comprometimento das Lideranças Públicas para nos ajudarem a cumpri-los ao longo de seus mandatos. Os compromissos são:
- O exercício da política a partir de critérios éticos e de integridade, visando promover a paz, a saúde e o bem-estar de todos, a valorização do diálogo, a cooperação, a Amizade Cívica e combatendo quaisquer discriminações de origem, raça, sexo, gênero, orientação sexual, religião ou outras formas;
- A defesa incondicional da democracia, das instituições, do processo eleitoral e do resultado das eleições, bem como o repúdio a qualquer tentativa de desestabilização ou violência a ele relacionado;
- A incorporação da emergência climática como desafio político, propondo ações e políticas públicas que foquem na adaptação e mitigação à mudança do clima, especialmente na redução das emissões de gases de efeito estufa, no combate ao desmatamento e na promoção de energias renováveis;
- Atuar para que a conservação e proteção dos biomas de cada região estejam nas agendas governamentais municipais, estaduais e federal, incorporando o papel de corresponsável pela proteção da Amazônia e de uma relação que não seja predatória com nosso capital natural;
- A defesa da ciência e das evidências científicas para a tomada de decisão em políticas públicas, bem como a responsabilidade pelos seus resultados;
- A atuação para erradicar a pobreza e a fome, para que se alcance a segurança alimentar, a melhora da nutrição e a promoção da agricultura sustentável;
- A promoção de crescimento econômico inclusivo, justo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;
- A busca pela garantia da educação inclusiva e equitativa de qualidade, visando também zerar o analfabetismo, e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos;
- Adotar a equidade de gênero como um valor e uma meta, trabalhando pela ampliação e garantia de condições de participação plena e efetiva das mulheres na política e em todos os espaços de decisão.
Painel: “Eleições 2022: desafios e oportunidades”
O Brasil passa por uma grave crise social que afeta os quatro cantos do país, com a taxa de desemprego em 11,1% no 1º trimestre de 2022, mas podendo chegar a 13,7% ao final do ano, expectativa para inflação de até 10% e uma pandemia da Covid-19 que vitimou mais de 660 mil brasileiros. Para discutir os desafios econômicos, sociais e políticos que enfrentamos hoje, recebemos Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral e colunista do Valor Econômico; Renata Piazzon, diretora do Instituto Arapyaú e secretária executiva da Uma Concertação pela Amazônia; e Thiago Amparo, advogado e professor de Direitos Humanos pela FGV. O debate teve a mediação da Marcella Coelho, Head de Impacto Social na XP e membro do Conselho Diretor da RAPS.
Sobre o cenário eleitoral de 2002, Carazza destacou uma característica deste ano que é “uma eleição que se apresenta muito consolidada de uma forma muito precoce”, frisando, a partir das pesquisas, “que quase todo eleitorado brasileiro já se posicionou a respeito do seu voto na eleição presidencial, em torno de 70% e 75%”, dependendo do levantamento. Ainda de acordo com o colunista do Valor Econômico, “uma característica também muito forte das eleições deste ano é uma eleição com matizes muito bem definidos em termos de gênero, renda, região e idade do eleitor”.
O Brasil é uma potência na bioeconomia e isso passa no trabalho de manter a floresta em pé. Renata Piazzon lembrou que “o país abriga a maior biodiversidade do planeta, com mais de 60% da maior floresta tropical do mundo, responsável por todo o regime de chuvas no Brasil e é responsável por regular o clima no mundo”. Apesar dessa potência, a diretora do Instituto Arapyaú lembra que “somos o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta e mais de 70% dessas emissões vêm do uso do solo, que é basicamente o desmatamento”.
Para falar sobre uma dura realidade brasileira, Thiago Amparo exemplificou as diferenças sociais gritantes entre populações de regiões mais ricas em comparação com as mais pobres. “O Brasil é feito de muitos Brasis e são Brasis completamente diferentes um dos outros”, disse. “Quando a gente olha qualquer estatística, por exemplo, sobre a saúde, em Moema, na cidade de São Paulo, a expectativa de vida é de 80 anos, mas no Jardim Ângela é de 50 anos”.
Wokshop Amazônia e Desenvolvimento Sustentável
Na penúltima atração do dia, Américo Sampaio, coordenador do Portfólio de Comunicação e Engajamento do ICS (Instituto Clima e Sociedade) e colunista da rádio CBN, realizou o wokshop Amazônia e Desenvolvimento Sustentável. A atividade serviu para preparar as 85 lideranças a traduzir importantes pautas da sustentabilidade e do meio ambiente para a realidade dos eleitores de diferentes espectros políticos e camadas da sociedade, possibilitando que o diálogo sobre as temáticas seja expandido e explorado durante as eleições de 2022.
Dinâmica Mural do Clima
E para encerrar um dia produtivo e de muita aprendizagem, os participantes do Programa Lideranças Públicas 2022 participaram da dinâmica Mural do Clima, atividade lúdica, criativa, colaborativa e visual para entender e explicar as mudanças climáticas. Foram formados grupos que dispunham coletivamente de cartas num mosaico baseado em relações de causa e efeito, com os integrantes de cada grupo trocando informações e visões sobre mudanças climáticas.
A dinâmica com cartas temáticas sobre a mudança climática foi inventada em 2015 pelo francês Cédric Ringenbach e baseada nos gráficos e conteúdo científico do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Sobre o Programa
O Programa Lideranças Públicas é uma iniciativa exclusiva da RAPS (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade), com apoio da Fundação Lemann, e retorna em sua terceira edição a partir do sucesso das duas edições anteriores do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Líderes Públicos que beneficiaram mais de 40 lideranças em todo o país, de diferentes partidos políticos, trajetórias e origens geográficas nos anos de 2017 e 2018.
A 3ª edição consolida os principais aprendizados da RAPS, ao longo de uma década de existência, no desenvolvimento de lideranças políticas e públicas. O Programa busca apoiar, de maneira gratuita, pessoas que tenham interesse em aprimorar seus conhecimentos para a disputa eleitoral de 2022. Isso e feito mediante formações teóricas e práticas (online e presencial), mentoria e conexão com outros membros.
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