A líder RAPS e deputada estadual Ana Paula Silva (PDT-SC), conhecida como Paulinha, participou do podcast “Maria vai com as outras”, da revista Piauí. Apresentado por Branca Vianna, conselheira da RAPS, o episódio debateu os impactos dos modos de se vestir para trabalhar na carreira das mulheres.
A líder RAPS Paulinha ganhou notoriedade em todo o país durante a cerimônia de posse como deputada estadual, em 1º de fevereiro. Na ocasião, ela recebeu críticas e ofensas por conta da roupa que vestia e teve questionada a sua capacidade profissional como parlamentar.
No podcast, ela fala sobre as reflexões que o caso trouxe para a carreira como parlamentar e para a sua vida. Para ouvir o “Maria vai com as outras”, clique aqui.
Repúdio
Por conta do ocorrido com Paulinha, o GT Mulheres RAPS – grupo de trabalho autônomo de mulheres membros da organização – produziu uma nota de repúdio. Confira:
“O Mulheres RAPS parabeniza a deputada estadual Ana Paula da Silva (PDT/SC) por sua expressiva votação nas eleições de 2018, quando foi a 5ª deputada mais votada de Santa Catarina.
Seu histórico político é notável, tendo sido eleita duas vezes como prefeita de Bombinhas (SC) com mais de 74% dos votos. Também foi escolhida duas vezes como melhor gestora do estado e, ao fim de seu mandato, contou com mais de 90% de aprovação.
Entretanto, mesmo com uma carreira política de excelência, a deputada virou alvo de comentários inapropriados e declarações machistas em relação à roupa usada no ato de sua posse. Por isso, repudiamos todas essas manifestações desrespeitosas.
Situações como essa evidenciam a diferenciação de tratamento reservada a homens e mulheres em nossa sociedade e a perpetuação de uma cultura misógina em que a objetificação do corpo feminino segue naturalizada, assim como a violência contida nesse tipo de julgamento.
Qualquer piada com a vestimenta da deputada em sua posse não é aceitável, pois diminui e menospreza o trabalho, as realizações e a carreira de uma figura pública exemplar.
Com tantos problemas no cenário político, é repugnante que a atenção tenha sido voltada para uma temática tão superficial como a vestimenta. E mais: que ainda haja julgamentos acerca do que uma mulher está vestindo, fato que nunca acontece com os homens. Entendemos que a tentativa de ridicularização da deputada tem como desdobramentos a reprodução do preconceito de gênero contra todas as (poucas) mulheres que ocupam hoje um espaço na política.
Esperamos que no futuro homens e mulheres possam ser julgados por seus trabalhos e competências. E que uma mulher (assim como os homens), ao assumir um cargo político, tenha apenas o seu mandato controlado pela sociedade, como manda a boa democracia. Esconder o nosso corpo não está em pauta na discussão pública, combater o machismo, sim.”
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