As dificuldades de uma campanha sem recursos, somadas à falta de apoio dos partidos e ao “mercado de negócios” que se intensifica no período eleitoral, foram os aspectos destacados pela empreendedora cívica Alice Peliçário, na experiência como candidata a deputada federal por São Paulo na chapa do Partido Verde, obtendo 1.307 votos.
Alice destacou o alto custo das campanhas eleitorais e admitiu pudores pessoais para pedir ajuda de empresas. Foram estas razões que a levaram a optar por fazer sua campanha primordialmente pela internet. Suas propostas para a área de segurança pública foram divulgadas por e-mail e pelas redes sociais. “Foi uma experiência importante, mas se o candidato não tiver recursos, não estiver na propaganda de TV ou não estiver na lista preferencial do partido, é praticamente impossível se eleger”, reconheceu.
Já a advogada Marilda Watanabe, candidata a deputada estadual de São Paulo pelo PV contou que entrou na política impulsionada por seus trabalhos sociais e tornou-se candidata devido à exigência da legislação eleitoral que estabelece uma cota de 30% de candidaturas femininas nas chapas. Marilda teve a educação como principal bandeira de sua campanha e, também sem contar com recursos financeiros mas com o trabalho de muitos voluntários, obteve 2.455 votos.
“Não parei de trabalhar para fazer campanha, não panfletei na rua, preferi conversar diretamente com as pessoas e constatei que a sociedade está desgostosa com a política. As pessoas querem mudança, não se sentem representadas e estão mais atentas em relação à atuação dos políticos”, avaliou.
Para completar o grupo de discussão mediado pela líder RAPS Mafoane Odara, a empreendedora cívica Marina Cançado falou sobre a “Rede de Transformação Pública”, que selecionou, acompanhou e contribuiu com a campanha de 10 candidatos a deputado federal que atendiam aos critérios estabelecidos pelo projeto. O objetivo é a formação de uma bancada de líderes políticos éticos e comprometidos com uma agenda coletiva, que contemple os temas da Educação, Segurança e Gestão Pública. Dos dez candidatos escolhidos, cinco foram eleitos e passarão a ser monitorados pela Rede de Transformação Pública.
Temas como reforma política, aumento da bancada feminina nos parlamentos, campanhas mais limpas, com mais conteúdo e menos papel também tiveram destaque nas discussões entre os empreendedores cívicos na parte da manhã.
O diretor executivo Marcos Vinícius de Campos finalizou os debates destacando que a RAPS é uma incubadora de novas lideranças e que é importante trabalhar com as atuais regras do jogo. “A RAPS entende que é necessário fazer o planejamento da campanha eleitoral com antecedência e dar condições reais de disputa aos candidatos que têm trabalho, ética, transparência e compromisso com o interesse público e a defesa de causas sociais.”
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