Na semana em que São Romão (MG), a cidade mais quente do país, “ferveu” com temperaturas de até 43,5ºC e apenas 14% de umidade relativa do ar, um novo ciclone voltou a assolar o Rio Grande do Sul, deixando municípios inteiros alagados. Nos últimos dias, com uma onda de calor que continua a se alastrar por todo o país, os brasileiros têm sentido como nunca os efeitos cotidianos das mudanças climáticas. E eles vão desde o aumento na conta de luz, por aumento do uso de ventiladores ou ar condicionado, até a perda da própria vida em enchentes.
A agenda do clima é a agenda política do século XXI e, para aplicá-la em forma de ações e estratégias eficazes, é preciso conscientizar e capacitar aqueles que têm o poder de tomar decisões. Foi com isso em mente que a RAPS se uniu ao Insper e à Fundação Konrad (KAS) para formar senadores e senadoras, deputados e deputadas federais e estaduais e governadores no curso Política Climática e Desenvolvimento: Caminhos para o Brasil, que aconteceu no início de setembro.
O principal objetivo dessa iniciativa foi tratar do assunto de uma perspectiva ainda pouco comum: emergência climática na pauta econômica, discutida sob a ótica do desenvolvimento e da política. Transição energética, mercado de carbono, agronegócio e bioeconomia foram alguns temas abordados nos dois dias de aulas em que estiveram reunidos representantes dos mais diversos partidos políticos, escolhidos para ressaltar que a mudança do clima e sua agenda global são algo transversal a todas as ideologias partidárias. “É um tema que afeta a vida de todos e não pode ser visto como questão ideológica”, afirmou Mônica Sodré, diretora-executiva da RAPS, ao Valor Econômico, que publicou uma extensa reportagem sobre o curso.
Mônica lembrou, uma vez mais, que não se trata de um tema do futuro, mas que já tem fortes (e graves) impactos no presente. Na porção norte do Pantanal, por exemplo, às margens do rio Paraguai, o calor extremo e a seca voltaram a acender focos de incêndio no bioma que foi devastado pelas queimadas em 2020. Pesquisadores da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) e imagens de satélites da Nasa registraram, na última quarta-feira (27), focos de incêndio na Estação Ecológica de Taiamã, localizada em uma ilha do rio e que serve de berçário de aves e peixes.
Essa é só mais uma prova de que o assunto não está sendo tratado com a velocidade necessária para a tomada de decisão. “Por isso reunimos aqui boa parte dos melhores agentes políticos do Brasil, para que consigam nivelar conhecimento, se qualificar e capacitar para compreender melhor a agenda e tomar decisões sobre um tema que afeta a todos”, concluiu Mônica.
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