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[Entrevista] Diretora do 'Minha Sampa' fala sobre importância do controle social

8 de agosto de 2014

Anna-Livia-Arida
 
Anna Livia Arida entrou para a rede RAPS no início deste ano. Ela faz parte do grupo de Empreendedores Cívicos e afirma que o interesse por questões relacionadas ao bem estar coletivo sempre a acompanhou.
Formada em Direito pela PUC-SP, Anna tem especialização em Direito Econômico pela FGV e ampla experiência no campo social: já atuou no Movimento Mundial pela Infância, Human Rights Watch, Conectas, entre outras organizações.
Hoje, é diretora da Minha Sampa, rede de mobilização de cidadãos para a criação de uma São Paulo mais democrática, participativa e boa de se viver.
Confira o nosso bate-papo com ela!
 
 
RAPS – O seu currículo demonstra engajamento e comprometimento, desde muito cedo, com questões relacionadas ao bem estar coletivo. De onde surgiu esse interesse?
Anna  Livia – Sempre tive interesse nas questões relacionadas ao bem estar coletivo e à justiça. Não sei dizer exatamente de onde isso surgiu, mas está comigo desde sempre.
RAPS – Por que a participação dos cidadãos na vida pública é importante para o desenvolvimento de uma sociedade?
AL – Uma sociedade plural como a nossa não pode ser considerada desenvolvida se a diversidade de demandas e opiniões não tiver espaço para existir. Para que exista um desenvolvimento justo e inclusivo, é necessário que todos os cidadãos tenham oportunidades semelhantes de guiar e influenciar as decisões políticas.
Ao mesmo tempo, o desenvolvimento social depende de uma consciência da coletividade e de uma cultura que reconheça de que o que é público é de todos nós.
A participação é fundamental tanto para viabilizar que os mais diversos grupos tenham voz na sociedade, quanto para a garantir espaços de construção coletiva do bem-estar comum.
RAPS – As pessoas sabem como exercer o chamado “controle social”? Conhecem as ferramentas que possibilitam essa participação?
AL – Acredito que ainda podemos avançar muito em matéria de controle social, tanto no que tange ao uso dos mecanismos já existentes como no aprimoramento e criação de novos mecanismos. Exercer o controle social das decisões políticas ainda é uma prática pouca difundida na sociedade.
O funcionamento da máquina pública, além de altamente complexo, compõe historicamente um conhecimento hermético, ao alcance de poucos.
A democratização do acesso à informação, assim como o a luta por mais transparência das informações tem contribuído significativamente para derrubar algumas das barreiras existentes. A ampliação do acesso a informações públicas e a disponibilização dessas informações de maneira amigável e compreensível é um passo fundamental nessa direção. Precisamos compreender e analisar para poder controlar e fiscalizar.
RAPS – A partir de sua experiência, você poderia afirmar que a população está interessada em se envolver com o controle das atividades políticas ou isso ainda passa longe da realidade de muitos?
AL – A prática ainda está muito longe de muitos, mas pela nossa experiência existe sim o interesse nessa questão. Quanto mais as pessoas percebem que é possível e necessário realizar o controle das atividades políticas, mais faz sentido elas se envolverem nessas atividades. Além disso, o interesse costuma ser inversamente proporcional à dificuldade. Quanto mais inteligíveis são as atividades políticas, maior é a compreensão de sua importância, bem como a visualização das possibilidades de envolvimento. Além de elemento decisivo na facilitação do controle social, a internet possibilita a difusão de debates e o encontro de interesses, ou seja, colabora para que temas políticos ganhem visibilidade e, consequentemente, se formem mais grupos unidos para agir em torno desses temas.
RAPS – Pensando na política institucional – como a participação da sociedade civil pode melhorar a qualidade dos mandatos?
AL – Quando se pretende ter uma democracia representativa – no sentido literal de representar os vários interesses e grupos – não há que se pensar em mandatos agindo de forma independente dos interesses da sociedade, ou apenas em favor de alguns. A abertura, orientação e estímulo para o diálogo entre representantes e representados é o que deve compor a pauta de uma gestão pública verdadeiramente democrática, elemento principal de um mandato de qualidade.
A participação da sociedade no controle e acompanhamento das ações públicas também é um elemento fundamental para a elevação da qualidade da política institucional.
RAPS – Agora você está no comando do projeto ‘Minha Sampa’. Conte um pouco sobre a iniciativa e sobre os resultados alcançados até o momento.
AL – O Minha Sampa foi oficialmente ao ar em 14 de julho de 2014, mas já tivemos uma vitória mesmo antes do lançamento. Em abril deste ano o Metrô divulgou uma propaganda inaceitável, na qual – em meio a elogios ao governo do Estado – dizia que “trem lotado é bom para xavecar mulher”. Diante da imensa pressão dos paulistanos, a propaganda foi tirada do ar. Mas isso não era o bastante. Criamos a mobilização Não Passarão, no qual pressionamos o Metrô a investir sua verba pública de comunicação na maior campanha de prevenção ao abuso sexual já feita em São Paulo. Depois de menos de uma semana e quase 5 mil pressões, o Presidente do Metrô, Luiz Antônio Carvalho Pacheco, anunciou a criação de uma campanha de prevenção de abuso sexual no Metrô, que foi adotada como ação permanente de prevenção ao abuso. Vitória da mobilização!
 
 

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