O Índice de Democracia, pesquisa anual do The Economist Intelligence Unit — divisão de pesquisa e análise do grupo ao qual pertence a revista The Economist —indicou que a democracia no mundo declinou em 2020.
A avaliação de 167 países considerou o processo eleitoral e o pluralismo, o desempenho governamental, a participação política, a cultura política democrática e as liberdades civis. O fato surpreendente e alarmante é que apenas 8,4% da população mundial vive em uma democracia plena, enquanto mais de um terço está sob regime autoritário (35,6%).
Durante a pandemia, a maioria das pessoas concluiu, com base nas evidências da covid-19, que prevenir uma perda catastrófica de vidas justificaria uma perda temporária de liberdade. Em 2020, pela primeira vez desde 2010, a média de pontuação regional do Índice de Democracia piorou em todas as regiões do mundo. Uma década atrás, a causa de uma semelhante recessão democrática foi motiva pelo descontentamento com os governos e um colapso da confiança nas instituições após a crise econômica e financeira global.
Em contrapartida, a regressão democrática mundial de 2020 foi em grande parte o resultado das medidas tomadas pelos governos para abordar a saúde pública de emergência causada pela pandemia do novo coronavírus, que envolveu a suspensão das liberdades civis de populações inteiras por períodos prolongados.
A Noruega ficou em primeiro lugar como país mais democrático com 9.81 pontos, enquanto que o Brasil ocupou a 49ª posição com 6.92 pontos. Nosso país recebeu 9.58 pontos para o processo eleitoral e pluralismo, 5.36 para desempenho governamental, 6.11 para participação política, 5.63 para cultura política e 7.94 para liberdades individuais.
O Leste Europeu e a América Latina empataram com somente três países de “democracia plena”. A pesquisa do The Economist Intelligence Unit indica que as duas regiões possuem “cultura política fraca, dificuldade em criar instituições destinadas a salvaguardar o Estado de Direito e questões persistentes com corrupção, que criam um habitat difícil para a democracia. A deterioração em ambas as regiões em 2020 revelou a fragilidade de democracia em tempos de crise e a vontade dos governos de sacrificar liberdades civis e exercer autoridade descontrolada em uma situação de emergência”.
A Ásia registrou cinco países considerados de “democracia plena”, contra os 13 na Europa. Na Ásia, três países passaram a ser classificados como de “democracia plena” (Japão, Coreia do Sul e Taiwan), enquanto que a Europa Ocidental perdeu dois (França e Portugal). Na América do Norte, os Estados Unidos passaram a ocupar a categoria “democracia falha”, apesar de a participação política ter resultados positivos: os norte-americanos se engajaram mais em política nos anos recentes com a politização da pandemia da covid-19 e dos movimentos contra a violência policial e a injustiça racial.
Já o Oriente Médio e o norte da África apresentaram os piores índices. “A região sofre de uma concentração de monarquias absolutas, regimes autoritários e a prevalência de conflitos militares, e é o mais baixo classificado de todas as regiões cobertas pelo Índice de Democracia, com sete dos 20 países em últimos lugares no ranking global.”
O estudo está disponível em inglês para download gratuito: https://bit.ly/3cd3r1D
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