Por Roberta Moreno, de Washington
Na trajetória histórica de 240 anos da política norte-americana, foram eleitos 44 presidentes. Em 2008, elegeu-se o 44° presidente, Barack Obama, um grande marco na histórica política do país por ser o primeiro presidente americano negro a ocupar a Casa Branca (foto).
Da mesma forma, a eleição presidencial americana de 2016 já tem seu lugar assegurado na história dos Estados Unidos. É a eleição mais cara que o país já vivenciou, com gastos que chegam a R$ 8,3 bilhões. Destaca-se também o número recorde de eleitores que irão às urnas, uma vez que, até domingo passado (6/11), 41 milhões de cidadãos já haviam votado.
Entretanto, a grande marca desta corrida presidencial será deixada pelos candidatos que concorrem ao pleito. Caso vença Hillary Clinton (Partido Democrata), será a primeira mulher a presidir os Estados Unidos. Caso Donald Trump (Partido Republicano) seja eleito, será o primeiro “outsider” a tornar-se presidente dos Estados Unidos.
Um outro importante dado histórico nesta eleição é a alta taxa de rejeição do eleitorado para ambos os candidatos. Pesquisas revelam que 52% do eleitorado rejeita Hillary, enquanto 57% rejeita Trump. Muito se discute nos Estados Unidos quais são os fatores que influenciam as altas taxas de rejeição dos postulantes. Hillary goza de longa vida pública, onde ocupou os cargos de primeira-dama, senadora e secretária de Estado. Apesar da sua vasta experiência e conhecimento, Hillary carrega consigo a crescente frustração da sociedade com a política tradicional.
Mas a grande surpresa da cena política americana é o republicano Donald Trump. O empresário multimilionário e apresentador de televisão, conduz uma campanha marcada por muitas polêmicas em torno de seu discurso protecionista, anti-imigração, intolerante, racista, sexista e misógino.
O perfil político de Trump foi estudo de caso no congresso “US Election Tour 2016” no dia 08/11, onde diversos especialistas apresentaram suas avaliações sobre sua campanha. Mesmo tendo um comportamento politicamente incorreto, Trump conseguiu consolidar uma candidatura competitiva ao lado de Hillary. Para o consultor político Matthew Mcillan, o fenômeno Trump está relacionado ao autoritarismo do candidato, onde parcela substancial do eleitorado projeta esta característica no perfil do presidente que estão buscando eleger como líder do país. Na opinião de Mcillan, Trump não será um fenômeno isolado, pois ele representa o desejo de um grupo significativo da população americana que está em busca de políticos que atendam seus anseios. O especialista acredita que Donald Trump é apenas o primeiro de muitos “Trumps” que surgirão na cena política norte-americana. Para mais informações sobre esse tema, acesse: https://goo.gl/sYdccm
Também foi destaque nesta segunda-feira o uso de Big Data nas eleições e as inovações com microtarget. Especialistas destacaram que, quanto mais informações dos eleitores a campanha possuir, melhor os candidatos poderão se comunicar com seu público e investir os recursos de forma direcionada. O debate seguiu com o tema dos Super PACS (political action committee), organizações que congregam doações para campanhas a favor ou contra um determinado candidato. Para finalizar o dia, o coordenador da campanha de Bernie Sanders nas primárias do Partido Democrata, compartilhou sua exitosa experiência de fazer crescer a campanha com poucos recursos e alto engajamento. Reforçou que a descrença com a política recai sobre a total desconexão das instituições do país, dos políticos com os jovens eleitores.
A maioria dos especialistas concorda que, qualquer um dos dois candidatos que venha ser eleito, terá grande dificuldade para fazer sua agenda de governo avançar. Com isso é possível antecipar que não haverá apenas um perdedor nas eleições presidenciais americanas de 2016!
A coordenadora de Cooperação e Parcerias da RAPS, Roberta Moreno está nos Estados Unidos junto com o Diretor Executivo da organização, Marcos Vinícius de Campos. Eles cumprem uma agenda com possíveis parceiros internacionais e também participam do Congresso US Election Tour 2016. Nesta viagem, Roberta Moreno também acompanha de perto o processo da eleição presidencial americana.
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