Não é de hoje que o planeta dá sinais das mudanças do clima por conta das ações do homem. Tragédias como as que aconteceram há poucos meses em Minas Gerais e, mais recentemente, em Petrópolis, no Rio de Janeiro, não são por acaso. São alertas cada vez mais frequentes e, constantemente, ignorados pelas autoridades.
Hoje, infelizmente, algumas dessas consequências já são irreversíveis. Estamos perdendo tempo e vidas, e quem sofre com isso é a população mais vulnerável. As mudanças climáticas deixaram de ser um problema do futuro, são questões do presente e que necessitam de ações urgentes.
É por isso que acreditamos que a mudança do clima é a agenda política do século 21. Precisamos que os agentes públicos tenham o meio ambiente como uma das suas prioridades em seus mandatos, e faz parte da nossa missão trazer a sustentabilidade para o centro da política institucional.
Lamentavelmente, presenciamos no Brasil um total descaso com o clima. Existe uma política sistemática de desmonte dos órgãos fiscalizadores, corte de orçamentos e precarização da infraestrutura dessas instituições. São em momentos como esse que iniciativas como a formação “Liderança Política pela Sustentabilidade“, que oferecemos às lideranças RAPS do Congresso Nacional, em parceria com a Delegação da União Europeia no Brasil e o Insper, se mostram tão necessárias.
Durante três dias, reunimos 15 parlamentares, entre deputados federais e senadores de diferentes partidos políticos, para aprenderam e trocaram experiências sobre temas como agronegócio e participação brasileira no comércio internacional, mecanismos de comando e controle, instrumentos de mercado, tais como mercado de carbono, e comunicação para sustentabilidade, além de contar com especialistas europeus que falaram sobre o novo pacto ecológico do bloco, as consequências para as relações entre países e seus aprendizados para replicação do arranjo em outros locais.
Essa ação foi elaborada a partir dos resultados da nossa pesquisa “A agenda do Clima no Congresso Nacional“, realizada com a Fundação Getulio Vargas, e lançada no ano passado, que constatou, dentre os achados, de que, a despeito de boa parte das emissões de gases de efeito estufa nacionais advirem de mudança no uso da terra e parte significativa disso ser fruto de desmatamento, o parlamento federal não enxerga o combate a esse último como prioritário. Também, boa parte dos entrevistados acredita, equivocadamente, que a mudança desse cenário é uma atribuição exclusiva do executivo federal.
Qualificar os parlamentares, como fizemos na formação “Liderança Política pela Sustentabilidade”, é fazer com que as lideranças políticas entendam e incorporem o tema em suas ações políticas e em seus mandatos. Eles são os atores fundamentais para que o Brasil possa ter um desenvolvimento sustentável mais justo e para todos. Há uma nova geopolítica em vigor, o clima é um de seus componentes estruturais e o parlamento precisa não só compreendê-la, mas também trabalhar por ela.
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