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No painel “O que somos, como e porque somos?”, os cientistas políticos Carlos Melo e Humberto Dantas fizeram uma profunda reflexão sobre a crise da política e as razões que levaram ao desencanto com o tema.
Ao fazer uma provocação ao grupo de Líderes RAPS, o professor Carlos Melo, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), questionou se a política é a perspectiva de promover a felicidade geral da sociedade ou é a defesa dos interesses de grupos de poder?  “Qual é o sentido da política? Será que política é só fazer coisa errada? Esta é uma visão que foi construída ao longo de muitas décadas numa cultura equivocada que associou a política a tudo o que é ruim e é isso que precisa ser transformado. Temos que voltar a fazer da política uma atividade nobre e séria e este resgate só é possível graças a iniciativas corajosas como a da RAPS, de empreender na formação de novas lideranças políticas.”
Já o cientista político Humberto Dantas disse que, apesar do atual cenário negativo da política, ele também acredita veementemente que há saídas para reverter o atual quadro e pontuou aspectos positivos que devem ser observados, a começar pela consolidação da democracia nas últimas três décadas e os  avanços no exercício da cidadania.
Na avaliação de Dantas, o descrédito em relação à política passa por um desencantamento com as eleições, com os partidos políticos, com as formas de financiamento de campanha e com a justiça. “Esse desencantamento não será resolvido apenas com a reforma política, a lei da Ficha Limpa ou o financiamento público de campanha. Nada disso irá resolver se não houver uma mudança radical no aspecto cultural de enxergar a política, que precisa passar por uma verdadeira revolução ética no país. E tudo isso passa pelo cidadão, que não pode continuar refém da lógica da corrupção. A real reforma política passa por uma profunda revolução na cultura e na educação política do brasileiro.”

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