Um dos momentos mais importantes do Encontro Anual da RAPS foi a ampla discussão sobre o panorama político do Brasil, coordenado pelo professor Fernando Rei, membro do Conselho Diretor da organização.
Ele disse que, nestes quatro anos de existência, é surpreendente o crescimento da RAPS como um espaço de formação de lideranças alinhadas à agenda da sustentabilidade. “Quatro anos atrás a discussão era sobre descentralização do poder e todo mundo achava estranho. Hoje percebe-se que o debate tem absoluta pertinência, tendo em vista as mobilizações sociais no país inteiro. Eu não tenho dúvidas de que se existe a possibilidade de uma renovação política, essa renovação passa necessariamente pela RAPS”.
Várias lideranças políticas participaram da discussão, entre elas, o deputado federal Thiago Peixoto (PSD/GO), que lembrou as pautas importantes que estão em discussão e tramitação no Congresso, a despeito do momento delicado que o país atravessa, como a PEC do teto dos gastos públicos, a reforma do Ensino Médio e a reforma da Previdência. “Temos que fazer com que haja grande mobilização em torno desses temas porque eles representam oportunidades reais de mudanças significativas no país”.
Leia a seguir alguns dos principais comentários sobre o panorama político do Brasil:
Deputado Índio da Costa (PSD/RJ): “A crise está em 2 pilares fundamentais: a ética e a economia. O Brasil vive um período que indica mudanças extremas e uma necessária depuração na política”.
Daniel Duarte (Líder RAPS/RS): “O mundo vive atualmente uma nova revolução industrial, uma revolução disruptiva, tecnológica, que vai além da internet e contempla realidade virtual, moedas criptografadas, entre outras inovações e a política precisa acompanhar essa revolução, que pode inclusive ajudar a colocar o Brasil no primeiro mundo”.
Leandro Machado (Cientista político e membro do Conselho Diretor da RAPS): “Este momento político de teste das democracias mundiais pode estar chegando ao fim. É preciso ver as falhas da democracia e atualizá-la. A necessidade de atualização aponta para duas questões: riscos e oportunidades. Os riscos são o caos institucional, a falência múltipla da democracia. E as oportunidades são aproveitar o momento para trocar, atualizar, ver quais outras funcionalidades podem ser colocadas e aprimorar. A RAPS é um espaço importante para isso”.
Vereador Andrea Matarazzo (PSD/SP-Capital): “Hoje temos 70% da classe política desconectada da sociedade. Problemas institucionais e econômicos são uma consequência de duas outras crises: a da educação, cujos indicadores vêm piorando, e a crise da imprensa, que não aprofunda nas informações à sociedade e discute decisões do Supremo como se fossem questões de futebol”.
Jorge Caldeira – jornalista e membro do Conselho de Ética da RAPS: “A média que um brasileiro passa por dia no Facebook é de 3 horas. Em cada post, a média de leitura é de 3 segundos. A pessoa não lê o texto inteiro, só o título e dá ‘curtir’ ou ‘descurtir’. Não aprofunda, não discute e, ao tomar uma posição radical, está criando o clima beligerante que vivemos hoje. Não haverá sobrevida para a imprensa escrita, a não ser que se altere a maneira como o jornalista trabalha. Se a imprensa não for financiada de outro jeito, não haverá futuro para a informação qualificada”.
Adriano Ferreto – Líder RAPS (PT/GO): “Fui candidato a vereador debatendo a bandeira LGBT numa cidade conservadora como Goiânia. Além dos problemas pessoais que enfrentei, a questão financeira foi um obstáculo dificílimo. O preconceito social é gravíssimo no Brasil e a política realmente não representa a diversidade da sociedade. É preciso colocar na mesa a questão do financiamento público das campanhas para que se possa disputar as eleições em condições menos desiguais”.
Raquel Lyra (PSDB/PE): Não há democratização real dentro dos partidos e isso tem que ser discutido no Congresso, numa reforma política. A política de cotas não garante representatividade. Somos maioria na população, mas minoria nos espaços de poder. Temos que mudar isso”.
Humberto Laudares – Líder RAPS (SP-Capital): “ Até 2018 não haverá estabilidade política. As pessoas estão perdendo empregos, oportunidades, e, cada vez mais, vai se rifando o país. Se não houver um grupo no Congresso que esteja realmente disposto a fazer as discussões de forma séria para operar as mudanças necessárias, nada avança”.
Vereador Ricardo Young (REDE/SP-Capital): “Hoje o Brasil está vivendo uma crise tão grave quanto a que a Argentina viveu. A possibilidade do governo Temer cair é grande. A equação é dramática pois a instabilidade política pode, sem dúvida, interferir na estabilidade econômica. A RAPS consegue unir o melhor da inteligência política do país. Essa inteligência deve começar a pensar, de forma suprapartidária, o que será do Brasil se houver esse vácuo institucional. É preciso pensar em outros caminhos para fazer a travessia da crise da democracia”.
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