A erosão democrática é um fenômeno que ganhou força nos últimos anos em alguns países. O mundo, gravemente afetado e ainda sob os efeitos da pandemia da Covid-19, está se tornando mais autoritário, sob governos que adotaram estratégias de regimes antidemocráticos. Essa nova onda de autoritarismo, que vem se expandindo, foi materializada, por exemplo, com a invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em 2021. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) patrocina e alimenta um profundo estresse constitucional, com constantes ataques voltados às instituições democráticas e ao sistema eleitoral brasileiro.
Quais os desafios atuais para proteger e fortalecer a democracia? Qual o impacto da eleição presidencial no Brasil, na própria democracia brasileira e na América Latina? Essas e outras questões foram respondidas no webinar “Como as democracias morrem: os desafios do presente”, realizado pela RAPS e FFHC (Fundação Fernando Henrique Cardoso), com a participação de Steven Levitsky, coautor do livro “Como as Democracias Morrem”, best-seller do New York Times e publicado em 25 idiomas. O encontro foi mediado por Mônica Sodré, diretora executiva da RAPS, e Otávio Dias, jornalista da FFHC.
Entre os assuntos abordados na abertura, Levitsky apontou o populismo como um fenômeno fundamentalmente antielitista, uma vez que candidatos populistas atacam os partidos tradicionais e utilizam da narrativa que são oligarquias corruptas que não representam o povo, além de enfatizar o discurso radical sobre as instituições e ligando-as a um sistema desonesto e favorável às elites. “O populismo não é a única forma com a qual as democracias morrem, mas está se tornando uma das causas”, disse. Para ele, “o populismo não é novidade nos Estados Unidos, mas tem se tornando mais predominante”.
Sobre as influências das plataformas das mídias sociais nas eleições e na produção das fake news, Steven Levitsky assinalou que só agora começamos a compreender a extensão e os efeitos das mídias sociais. Para ele, “não é rede social que polariza. Os problemas, na verdade, não são as tecnologias, mas a sociedade”.
Por fim, a diretora executiva da RAPS pediu para Levitsky deixar uma mensagem aos candidatos e candidatas que disputaram as eleições de 2022 e que acompanhavam o evento. “São momentos de urgência, não são momentos normais. Nos Estados Unidos e no Brasil, se nos comportarmos como se isso que está acontecendo fosse normal, vamos perder a nossa democracia”.
O webinar “Como as democracias morrem: os desafios do presente” está disponível na íntegra em nosso canal do Youtube.
Sobre Steven Levitsky
É coautor do livro “Como as Democracias Morrem”, best-seller do New York Times e publicado em 25 idiomas, sendo na Universidade de Harvard professor na Escola de Governo e diretor do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos. Sua pesquisa se concentra em democratização, autoritarismo, partidos políticos e instituições fracas e informais, com foco na América Latina.
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