No sábado (2), na Casa das Caldeiras, em São Paulo, reunimos apoiadores, parceiros, conselheiros RAPS e lideranças políticas e cívicas da nossa rede para festejar os 10 anos de atuação da nossa organização. Após dois anos de pandemia da Covid-19, este foi o primeiro evento realizado de forma presencial e, além de matar a saudade de todos e todas, foi um momento de celebração, integração, trocas e reflexão sobre os próximos anos que virão.
O Brasil, lamentavelmente, retrocedeu nos últimos anos nas questões ambientais, sociais e econômicas. O novo coronavírus vitimou mais de 660 mil brasileiros e brasileiras, de todas as classes e regiões, sendo que mais de 400 mil dessas mortes poderiam ter sido evitadas. No país são 12 milhões de desempregados, com a metade da população vivendo algum tipo de insegurança alimentar. Para se ter uma ideia, um brasileiro, entre os 50% mais pobres, precisa juntar 3 meses de salário para comprar 1 cesta básica.
A questão ambiental também andou para trás. Os nossos recursos naturais estão sendo destruídos sistematicamente dia após dia. Em 2021, o desmatamento na Amazônia foi o maior nos últimos 10 anos, e estamos perto de um ponto de não retorno justamente no momento em que a questão climática passa a orientar a geopolítica mundial.
O dia 2 de abril não foi escolhido aleatoriamente para comemorar os 10 anos da RAPS. A data marcou os exatos seis meses até o primeiro turno das eleições deste ano. E olhando a conjuntura a qual estamos presenciando, esta pode ser uma das mais importantes eleições que já tivemos.
E para que possamos encontrar saídas para ter um Brasil melhor e mais justo, realizamos durante a comemoração de 10 anos da RAPS o painel “Reage, Brasil: um futuro melhor é possível”. Nele, os participantes foram convidados a refletirem e imaginarem com a gente um futuro mais promissor, para que a gente possa se inspirar e imaginar uma nação que a gente pode e quer ser.
O painel contou as presenças da Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, Marcelo Ramos (PSD/AM), Líder RAPS e vice-presidente da Câmara dos Deputados, Raull Santiago, atual membro do Conselho Diretor da RAPS e ativista social, e Thiago Amparo, professor de Direito na FGV de São Paulo. A mediação do painel foi da nossa diretora executiva, Mônica Sodré, que deu as boas-vindas aos convidados e enfatizou o objetivo do encontro. “Super bem-vindos e bem-vindas ao nosso painel Reage Brasil, um futuro melhor é possível. E como eu falei aqui, a ideia desse painel, que foi construído também com muito carinho, é que a gente discuta solução, mais do que discutir problema”, diz.
Sobre os desafios enfrentados hoje pelo Brasil, destacando a degradação das nossas políticas socioambientais e um cenário de aumento da pobreza e da desigualdade, Izabella Teixeira apontou uma das possíveis soluções. “O Brasil é um país que tem soluções para oferecer para si e para o mundo. Mas para isso, ele tem que sair desse discurso que eu acho estreito, pequeno, menor, que discute uma rivalidade com a questão ambiental e com as questões sociais onde isso na realidade deveria ser o ativo de transformação de uma sociedade”.
Já o deputado Marcelo Ramos destacou que precisamos combater dois erros perpetuados quando se fala de preservação. “O primeiro equívoco que ouvimos muito é de que o Brasil, como preservou mais, ele tem direito de degradar mais daqui por diante”, aponta. “E o segundo equívoco é de que é a preservação da floresta que impede o desenvolvimento econômico da Amazônia e que, consequentemente, promove pobreza das populações tradicionais, tanto urbanas como rurais”.
Convidado a falar sobre a sua avaliação da atual situação do Rio de Janeiro, Raull Santiago fez um relato sobre os impactos vivenciados na população mais vulnerável. “Os impactos que a periferia sofreu não se resumem aos últimos dois anos pandêmicos. Somado ao retrocesso da atual presidência que a gente tem, e somado ao retrocesso que a polarização constrói, esses últimos dois anos para nós valem vinte”, ressalta. “Porque, por exemplo, as crianças da favela não estudaram nos últimos dois anos. Então, a gente tem um impacto geracional enorme daqui para frente, que a gente precisa correr contra o tempo para pensar como a gente supre isso”.
Sobre o Brasil ser um país extremamente violento e, em especial, com a população tradicionalmente fora dos espaços de representação – negros, mulheres e população LGBTQIA – Thiago Amparo destacou em sua fala que “quando a gente fala de democracia, a gente também está falando de uma arquitetura de poder, que ela é distribuída de forma completamente desigual no país. Seja pela questão de raça, seja pela questão de gênero”.
Os convidados ainda responderam perguntas enviadas pelo público que estavam no Encontro de 10 Anos RAPS. Quer saber como foi o debate em sua íntegra? É só acompanhar aqui embaixo.
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