Na última quarta-feira (22), a Rede de Ação Política Pela Sustentabilidade – RAPS, em parceria com a Fundação Fernando Henrique Cardoso – FFHC, realizou o webinar “Polarização Política: como superá-la e promover o diálogo na sociedade”. O encontro, transmitido via plataforma Zoom, teve a participação da professora Jennifer McCoy, da Universidade do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos, e foi mediado pelo diretor da FFHC, Sérgio Fausto, e pela gerente de Relações Institucionais da RAPS, Cássia Marques.
Na conversa foi debatida a crescente polarização política e como esse fenômeno vem ameaçando as democracias no mundo. McCoy, que é ativista pela democracia e detentora de grande conhecimento sobre a América Latina, compartilhou um pouco da sua experiência sobre o assunto e apresentou algumas estratégias que devem ser tomadas para conter o atual ambiente de polarização.
A professora contou da sua experiência estudando o que chamou de “polarização perniciosa” em duas nações, Estados Unidos e Venezuela, afirmando que foi a partir dos acontecimentos vividos no país sul-americano que decidiu iniciar o seu trabalho sobre o assunto. “Eu vivi esse problema de polarização perniciosa especialmente, no meu país, os EUA, onde nós temos visto um aumento da polarização desde o meio dos anos 1990. Eu também estudei e trabalhei como mediadora da promoção da democracia na Venezuela durante 30 anos. Então, eu vi esse país passar também por grandes mudanças, muitas divisões e o colapso da democracia. Eu comecei esse projeto a partir dessa experiência”, disse Jennifer.
Durante o webinar, ela também compartilhou a sua concepção sobre a polarização perniciosa e como ela é usada pelos líderes políticos. Contudo, pontuou que a polarização, quando trata de diferenças políticas e opções de partidos políticos, é benéfica para a democracia, desde que essa polarização não seja extrema.
“Quando nós pensamos em polarização não é, necessariamente, um coisa ruim para a democracia. A polarização, se ela for definida simplesmente como uma diferença, uma distância em posições políticas em relação a questões políticas, preferências políticas, isso é positivo porque nós queremos ver uma diferença, queremos oferecer a quem vota opções de partidos políticos. Então, uma polarização política em relação a esses tipos de diferenças, é bom e natural para a democracia”, afirma.
“O que eu estou falando é quando nós vemos os extremos disso. É um processo em que a política se torna simplificada, os líderes políticos, especialmente, tentam apresentar uma escolha binária, tentam simplificar as políticas para ser uma escolha binária, tornando-se um ‘nós versus eles’. E, geralmente, ‘eles’ são apresentados como um inimigo. Então, isso é realmente a polarização perniciosa, com consequências muito nocivas à democracia”.
Antes do fim da sua participação, Jennifer McCoy respondeu uma pergunta sobre o papel dos jovens na defesa da democracia, destacando a importância do engajamento político deles. “Aqui nos EUA, a geração mais jovem é mais tolerante em relação às diferenças entre pessoas, opinião e religião, mas, ao mesmo tempo, eles estão mais preocupados com as ameaças existenciais do nosso mundo, em particular, o clima, porque é o futuro deles. Eu espero que não só nos EUA, mas no Brasil também, que eles sejam ativos politicamente. Aqui são mais ativos, eles estão tentando se eleger. Eu espero que eles assumam o poder para salvar o mundo porque nós estamos numa crise existencial.”
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