A série “Capacidades para inovação em governos: ações para o presente e diálogos para o futuro” é uma iniciativa da RAPS em parceria com Instituto Arapyaú e República.org para promover debates sobre o protagonismo dos profissionais públicos na agenda de inovação governamental a fim de fortalecer saberes e práticas para as soluções dos desafios do setor no século XXI.
Como parte da programação, foi realizado no dia 28 de julho o webinar “Parcerias e alianças intersetoriais para inovação em governo”, que refletiu sobre como governos, empresas e organizações da sociedade civil têm cada vez mais reunido esforços, recursos e competências na busca de soluções inovadoras para problemas com alto potencial de impacto social.
O evento teve a participação de Cássia Costa, gerente de Apoio à Ação Política da RAPS; Isabela Tramansoli, gerente de Projetos da República.org; e Marcelo Cabral, gerente-executivo do Programa Cidades no Instituto Arapyaú. A mediação foi de Diogo Lima, superintendente de Igualdade Racial na Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ).
Parcerias para qualificar atuação política
Cássia Costa falou do trabalho da RAPS como organização pioneira na busca pela melhora da qualidade da democracia no país e explicou como tem sido o trabalho de apoio à rede de lideranças políticas com mandato espalhada pelo Brasil. “Nosso objetivo é oferecer o maior conjunto possível de referências para melhorar a atuação política daqueles que estão na linha de frente da atuação política por meio de seus mandatos. Para isso, as parcerias têm sido fundamentais para o enfrentamento aos mais diversos desafios”.
Por meio de parcerias, a RAPS tem levado conteúdo em diversas frentes também para os pré-candidatos às eleições neste ano, que tem à disposição um rico material para a construção de suas campanhas, planos de governo e possíveis mandatos. “Atuamos como conector de alianças para colocar lideranças em contato com especialistas e qualificar suas ações”, resume Cássia“. E no cenário de pandemia, tivemos outros desafios e descobrimos novas formas de promover a conexão e troca de experiências entre os membros, além de práticas e materiais técnicos de apoio no combate à Covid-19”, complementa.
Ao entrar no tema da inovação, Cássia contou sobre o trabalho da RAPS no debate e na construção de referências sobre inovação no legislativo e nos mandatos dos deputados estaduais. “Reunimos as experiências de nossos membros, como coleta de assinaturas digitais, aplicativos para transparência e conexão com os cidadãos, entre outras iniciativas, tecnológicas ou não, e achamos interessante dividir com a nossa rede e também para o público em geral”.
Sobre a inovação no setor público de forma mais ampla, Cássia defendeu a necessidade de testar e arriscar soluções. “Há muito receio em testar, e o terceiro setor tem esse papel de estimular e dar subsídios para que as ações ocorram e a inovação aconteça”, finalizou.
Alianças para inovar em cidades
Marcelo Cabral tratou da inovação de modo mais conceitual e abordou os desafios do trabalho do Instituto Arapyaú junto às cidades. “A gente tem que ter um Estado capaz de realizar seus planos e objetivos, a capacidade do poder público deve ser essa. E quando falamos de inovação, acrescentamos uma camada. A inovação precisa de uma atuação que exceda essa capacidade normal, tem que ir além, por isso o desafio é grande”.
Sobre a atuação junto ao Programa Cidades, Marcelo elencou algumas barreiras para a inovação identificadas junto aos prefeitos. Questões fiscais, burocráticas, ausência de cultura e falta de equipe capacitada foram alguns pontos levantados. É para enfrentar esses desafios que as parcerias podem ser bem-vindas. “Inovação não é um processo que se faz sozinho, é algo que requer oxigenação e uma série de atores, por isso a necessidade de parcerias e alianças”, afirmou.
Além de alguns exemplos de inovação aplicados para fomentar o ecossistema, como Porto Digital (Recife) e Agência Curitiba de Desenvolvimento, foram abordados alguns modelos que podem sinalizar a tendência para os próximos anos. Primeiramente, Marcelo destaca a ideia de financiamento misto, que inclui público, privado e filantrópico, que tem experiências positivas nas áreas de habitação e saneamento. Outro modelo citado é o de concessão prática de inovação, conforme ocorre na parceria entre Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e Impact Hub. “Diante disso, temos sempre o desafio de fazer o processo bem feito e que se adeque à nossa realidade e teste nossos limites, pois não adianta criarmos um projeto que só se adeque à realidade de cidades na Suíça”.
Gestão de pessoas para otimizar setor público
Isabela Tramansoli contou sobre o trabalho realizado pela República.org na busca pela melhoria dos processos de gestão de pessoas no setor público para que a entrega de serviços à sociedade possa ser mais qualificada. “Partimos da premissa de que o serviço público tem impacto maior do que qualquer empresa privada”, avaliou. “Para a gente, o Estado importa, e muito. Nesse momento em que estamos vivendo, o Estado tem se mostrado ainda mais importante e sua necessidade e importância ficam ainda mais evidentes”.
A fala de Isabela destacou que as mudanças na sociedade acontecerão por meio dos profissionais públicos e esse pode ser um caminho para falar sobre inovação em governos. Nesse sentido, a atuação da República.org ocorre por meio de capacitação, construção de redes e reconhecimento de profissionais da área pública. “Muitas vezes existem limitações de recursos, jurídicas e comportamentais para experimentar no serviço público, por isso nosso papel é produzir e disseminar conhecimento sobre gestão de pessoas no setor, trazer referências e estabelecer conexões”, explicou.
O reconhecimento de profissionais também foi abordado, com citação ao Prêmio Espírito Público. “Precisamos reconhecer que existem milhares de servidores públicos engajados e componentes”, disse Isabela. Ela também reforçou a importância das parcerias, e falou da necessidade dos governos se apropriarem das ferramentas e dos conhecimentos para impactar positivamente o país. “Serviço público é o mediador dos nossos conflitos e anseios, mas o Estado não precisa ir sozinho. Os desafios que o país enfrenta são coletivos e as responsabilidades são compartilhadas. O fazer junto é a potência”, finalizou.
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