No último dia 22/04, mais de cinquenta organizações e movimentos da sociedade civil participaram do Dia Pela Democracia, evento que promoveu painéis, rodas de conversa e intervenções artísticas na Avenida Paulista, em São Paulo. Junto com a associação Artemis, a Marcha das Mulheres Negras e o Agora é Que São Elas, o GT Mulheres RAPS (grupo organizado autonomamente por um conjunto de mulheres membros de nossa rede) promoveu uma atividade sobre Representatividade, Diversidade e Democracia.
“Só vamos construir um país justo de verdade se ele for para todos. E para ele ser para todos, ele precisa ser para cada um”, defendeu a Líder RAPS Mafoane Odara, uma das mulheres que estiveram na roda de conversa. Para ela, na democracia é importante garantir uma ampla participação, inclusive das pessoas que pensam diferente. “A representatividade é o que abre a possibilidade de termos leituras diferentes sobre o mundo, e, essas leituras são o que permitem reduzir a desigualdade de fato”, afirmou.
Para outra Líder RAPS presente, Adriana Vasconcelos, qualquer debate sobre representatividade política no Brasil precisa tratar da questão racial. “As oportunidades não foram as mesmas, o ponto de largada não foi o mesmo. Não dá para falar em meritocracia, ou mesmo em luta de classes, sem pensar nessa questão”, disse. Adriana lembra que resolveu entrar na política institucional após o Governo Federal tirar o status de ministério das secretarias especiais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e a de Políticas para as Mulheres.
A democracia é tanto uma questão de método como de conteúdo, e, na opinião da representante da Marcha de Mulheres Negras, Alê Almeida, “até sabemos como fazer, mas não o que fazer com a democracia”. Alê acredita que só quando conseguirmos criar consensos entre as muitas experiências de vida, seja de negros e negras, portadores de deficiência, transexuais, moradores de periferia, entre outros, será possível definir o conteúdo da democracia. Mas ela ressalta: “isso não é uma mudança que fica pronta amanhã, democracia são sempre experiências e processos em construção”.
Raquel Marques, da associação Artemis, fechou o debate incentivando a participação política: “Achar que democracia é apenas votar é muito pouco”, disse. Para ela, a política não está apenas nas câmaras de vereadores e deputados, ou nos ministérios. Ela explica que é possível participar, fiscalizar e contribuir, seja no posto de saúde ou na escola próxima da sua casa, acompanhando as reuniões dos conselhos ou das associações de pais e mestres. Se todos participarem, pode-se ter mais diversidade, e “a diversidade de vozes é que pode tornar a sociedade mais rica e mais abundante”, afirmou.
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